Eu decidi conhecer o Atacama e viajei para lá em outubro de 2018. Quando estava pesquisando sobre o destino, descobri que era possível fazer um tour de 3 ou 4 dias para o Salar de Uyuni, o famoso deserto de sal. Metade dos blogs que eu lia dizia que a viagem era perrengue e apenas para um mochileiro raiz. A outra metade alegava que era tranquilo e valia a pena. Eu resolvi arriscar. Agora vou contar minha experiência e esclarecer de fato como é ir do deserto do Atacama para o Salar de Uyuni.
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Como ir do Atacama ao Salar de Uyuni?
Primeiramente, como ir ao Salar de Uyuni? Não é possível fazer a viagem por si só, alugando um carro, por exemplo. Você até pode chegar ao Salar de outras formas, mas este caminho partindo do Atacama por terra deve ser percorrido contratando o passeio com uma agência. Isso porque o percurso não é por estradas. Também não há sinal de celular, nem placas.
O caminho todo eu tinha a impressão de estar no meio do nada. Às vezes no asfalto, mas quase sempre na terra ou pedras. E desse nada surgiam lugares espetaculares que impediam meus olhos de piscar.
Eu pensava que a graça do passeio era o Salar de Uyuni e que os lugares que pararíamos no caminho eram apenas para complementar o tour e não ficar tão cansativo. Eu estava maravilhosamente enganada.
Mas vou destrinchar esta experiência mais para frente e todos os detalhes de como ir ao Salar de Uyuni.
Como contratar o passeio?
Eu estava com mais dois amigos. Nós reservamos o passeio do Atacama, com o hostel que estávamos nos hospedando. Não foi necessário reservar com antecedência. Mas pode ser uma boa ideia para quem vai em alta temporada.
As agências fazem o mesmo percurso. Então você não precisa se preocupar em perder alguma atração. Mas vale pesquisar bastante o preço, pois varia.
Ir do Atacama ao Salar de Uyuni é realmente perrengue?
A minha experiência foi bastante positiva e eu voltaria outras cem vezes. Eu estou acostumada a dormir em hostel, viajar de ônibus e comer o que tiver de mais barato. Então o tour foi bem acima dos meus padrões. Achei a comida gostosa e a viagem agradável.
O que realmente sofri foi para tomar banho no frio. E aquele frio de gelar até a sua alma. Muitas hospedagens têm banheiro do lado de fora da casa. Então você precisa sair do quentinho para chegar ao banheiro e depois passar pelo frio de novo ao retornar, ainda molhado.
Além disso, banho quente era pago. O valor era baixo, geralmente equivalente a 5 reais, mas é importante ressaltar isto.
Outro ponto que pode ser considerado perrengue é a ausência de sinal. Você fica quase sempre incomunicável. Além disso, teve um hostel no caminho que só tinha duas tomadas para todos os hóspedes. Então é importante economizar bateria para garantir, ao menos, boas fotos.
A viagem também é cansativa, pois você faz percursos longos de carro. Isso pode ser um problema para pessoas mais velhas, pois não há muito conforto.
Agora que já esclareci como ir ao Salar de Uyuni e todos os possíveis problemas, quero ressaltar que a viagem é imperdível. Os cenários que você passa no caminho fazem você agradecer por enxergar. Além disso, conversar por tanto tempo com o motorista foi a oportunidade de conhecer mais da cultura chilena e boliviana, e ouvir histórias maravilhosas.
Quando ir ao Salar de Uyuni?
O deserto de sal sofre uma transformação de cenário com a mudança de estação. No inverno, entre junho e agosto, as temperaturas são bem baixas e o deserto é seco.
Já no verão, principalmente entre janeiro e fevereiro, o clima é mais quente e é a temporada de mais chuva da região. Isso torna possível avistar o Salar espelhado, o que cria aquele efeito tão famoso em fotos do deserto de sal.
Porém, há mais chance de você conhecer este paraíso em um dia chuvoso. Isso atrapalha o passeio pois os carros não conseguem se deslocar livremente sobre o sal. Há, inclusive, a chance de o passeio ser cancelado.
Então quando ir? Eu indico o Salar para qualquer época do ano. Ele será surpreendente e com paisagens diferentes. Eu fui em outubro e adorei.
Quanto custa ir do deserto do Atacama ao deserto de sal?
Minha viagem foi em outubro de 2018. O valor para 3 dias e 2 noites era de 120.000 pesos chilenos. Essa é a opção ideal para quem continua a viagem pela Bolívia. No meu caso, eu paguei 135.000 pesos chilenos para 4 dias e 3 noites, pois retornei ao Atacama.
Também é possível fazer o caminho inverso, da Bolívia para o Atacama. Geralmente, é até mais barato.
A estadia foi em quarto compartilhado. Porém, também é possível pagar a mais para ficar em um privativo. A alimentação era café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. Eu achei tudo gostoso e bem servido.
Em relação ao transporte, ele ocorre em um carro 4 x 4, preparado para o terreno irregular do percurso. As malas vão em cima, presas por cordas. Cada carro leva 6 passageiros. Eu e meus amigos acabamos ficando com outros brasileiros que tinham fechado com a mesma agência. Foi ótimo e divertido.
Além deste valor, também se paga, quase sempre, quando se quer água quente no banho. Mas é barato, em torno de 5 reais. Além disso, também há um custo de 150 bolivianos para entrar na reserva nacional da Bolívia.
Portanto, quando estiver no Chile, já troque parte do dinheiro, pois você não encontra casa de câmbio no caminho. Eu indico levar 250 bolivianos na viagem.
E como é este belo roteiro do Atacama ao Salar de Uyuni?
Como é a alimentação do Atacama ao deserto de sal?
O motorista é também cozinheiro. Algumas vezes, parávamos no meio do nada para almoçar e ele preparava tudo. Tinham opções vegetarianas e outras com carne. O jantar geralmente incluía uma sopa de entrada e o prato principal. Também tinha sempre chá disponível para quem quisesse beber, o que era muito bem-vindo no frio.
Dia 1 – Laguna Blanca, Laguna Verde, Deserto de Dali, Termas de Polques, Gayser Sol de Manãna, Laguna Colorada
Logo no início da viagem se passa pela imigração terrestre. Eu dei azar pois estava uma fila de carros interminável. Mas pela experiência que escutei de outros viajantes, isso não é tão comum. Após mais de uma hora aguardando, consegui ter meu passaporte carimbado sem problemas.
A casinha da imigração é no meio do nada e com diversos vulcões no horizonte. Assim, não foi perrengue esperar e eu estava maravilhada.
Então começou o show.
Laguna Blanca e Laguna Verde
Pagamos 150 bolivianos por pessoa para entrar na Reserva Nacional de Fauna Andina e fomos adentrando na Bolívia. Primeiramente, paramos na Laguna Blanca e na Laguna Verde, ambas são bem próximas e perto da fronteira com o Chile.
De cara eu já fui conquistada. As lagoas são tão lindas que eu não conseguia parar de olhar. É um cenário de filme. Em meio às montanhas coloridas e aos infinitos vulcões, elas se sobressaem. Como é difícil descrever, eu vou mostrar.
Deserto de Salvador Dali e Termas de Polques
Depois fomos ao Deserto de Salvador Dali, que impressiona pela característica árida e pelo formato de suas rochas. Então seguimos para as Termas de Polques, a uma altitude que já me fazia mascar folha de Coca sem parar. Foi reconfortante sentir a água quentinha em meio ao frio da Bolívia. Paguei 6 bolivianos para me banhar.
Geyser Sol de Mañana
De lá, seguimos para o Gayser Sol de Mañana. Eu adoro gaysers e sempre me impressiono com a capacidade da natureza de me surpreender. Ver água quente saindo do chão e criando uma fumaça de vapor de ar realmente não é uma visão que me cansa.
Para finalizar o dia, fomos à Laguna Colorada.
Laguna Colorada
A Laguna Colorada merece respeito e atenção. Ouvi quem estava comigo dizer “este é o lugar mais lindo que já vi na vida”. É difícil discordar. Que argumento se tem contra uma lagoa colorida rodeada de flamingos com vulcões suntuosos por todos os lados?
Não é apenas a lagoa que é colorida, as montanhas que a rodeiam acompanham o show de cores e diversidade. Eu queria passar o dia inteiro naquele lugar apenas sentindo toda a energia que vibrava dele.
Na primeira noite, a hospedagem fica na cidade de Villa Mar. Descansei bastante devido ao cansaço.
Dia 2 – Valle de Rocas, Laguna Negra, Cânion Anaconda, Hostal de Sal
Valle de Rocas
Começamos o segundo dia pelo Valle de Rocas. O vale é resultado de séculos de atividade vulcânica e erosões. Assim, diversas rochas com formatos curiosos se formaram. Há o famoso “El Camelo”, a “Copa del Mundo”, e muitas outras formações.
Este vale é o lugar perfeito para você caminhar por ele e deixar a imaginação fazer sua parte.
Laguna Negra
Após uma hora explorando o lugar, chegou o momento de dirigirmos até a Laguna Negra, também conhecida como Laguna Misteriosa. Chegamos lá por volta de 12:00 e o motorista preparou nosso almoço. Enquanto ele cozinhava, a gente ia conhecendo o local.
Agora vou fechar os olhos por um momento e me concentrar para tentar retratar tudo que eu senti naquele lugar.
Ele com certeza foi a melhor parte deste dia. Eu fiquei imersa em tanta beleza e nem consegui andar muito pela região. Não queria me mexer, apenas sentir toda a paz que aquele lugar me transmitia. Eu fiquei emocionada de verdade.
Assim que você desce do carro, chega a um campo verde enorme, com rochas ao redor, diversos animais e até córregos. Então você caminha um pouco e a Laguna Negra se apresenta. É a natureza se exibindo e mostrando o quanto somos pequenos frente à imensidão dela.
Este lugar é um dos que a minha memória não será capaz de esquecer com o tempo.
Cânion Anaconda
De volta ao carro, percorremos mais alguns quilômetros até o Cânion Anaconda. Ele é mais um cenário que surge no meio do nada e te proporciona boas surpresas. O seu nome oficial é Cânion del Inca, mas devido ao rio em formato de serpente, ele é também conhecido como Cânion Anaconda.
Hostal de Sal
Então seguimos até o Hostal de Sal, parando algumas vezes no caminho para ver animais e apreciar a paisagem. Antes de chegar, fizemos uma pausa na cidade de San Agustin, uma vila com apenas 700 habitantes. O objetivo foi comprarmos alguns suprimentos, mas aproveitamos para conhecer o local.
A hospedagem deste segundo dia é um charme. O chão é todo de sal do deserto, pois já estamos bem próximos do Salar de Uyuni. Tivemos uma delícia de jantar e fomos dormir, ansiosos pelo dia seguinte.
Dia 3 – Salar de Uyuni, Cemitério dos Trens, Colchani
Acordamos bem cedo neste dia para ver o nascer do sol no Salar de Uyuni. Chegamos ao deserto 5:40 da manhã. O lugar estava vazio e ficamos lá observando o sol surgir pouco a pouco, iluminando e colorindo o paraíso a nossa volta.
O Salar de Uyuni é o maior deserto de sal do mundo. Ele se constituiu através da evaporação do pré-histórico Lago Minchin. O lugar é tão intrigante que é o único ponto natural brilhante conhecido que pode ser avistado do espaço.
Isla Incahuasi
De início, fiquei brincando com o sal e deixando meus olhos fazerem o reconhecimento do local. Então fui caminhar pela Isla Incahuasi, que rodeia parte do deserto. Eu não conseguia entender como nunca havia ouvido falar daquela ilha. Sempre tinha visto fotos do Salar, mas nem sabia da existência da Isla Incahuasi.
Vou me atrever a dizer que ela foi minha parte preferida do passeio. O lugar abriga uma infinidade de milenares cactos gigantes. Eles se somam à vegetação rasteira e criam um cenário que você só acredita porque está vendo.
Foi a paisagem mais diferente que já vi na minha vida. Seguindo a trilha pela ilha, você ainda chega em um mirante e pode avistar toda a beleza do Salar de Uyuni e da Isla Incahuasi.
O que mais me maravilhou no lugar foi saber que ele estava submerso há milhares de anos. Então você olha para os cactos, corais e sal e imagina tudo aquilo embaixo d’água. A imagem veio tão clara e real na minha cabeça que eu não parava de sorrir.
Deserto de sal e Museu de Sal
Após me maravilhar com a Isla Incahuasi, retornei ao deserto para tomar café da manhã e aproveitar o local. Os motoristas criam com os grupos fotos e vídeos divertidos, que sempre geram boas risadas.
Então conhecemos o Museu de Sal, uma estrutura feita toda de sal, desde as paredes até bancos e mesas. O lugar ainda abriga algumas esculturas para você observar.
Colchani
Após visitar o Salar de Uyuni, é hora de conhecer a cidade de Colchani e fazer compras em sua feirinha. É válido ressaltar que a Bolívia é um dos países mais baratos do mundo. Assim, vale a pena comprar casacos ou souvenirs por lá.
Eu fiquei impressionada com os preços, que chegavam a ser menos da metade dos valores do Chile. Aproveitei para comprar meias, casacos e chapéus.
Então o motorista nos convocou para o almoço, já perto de 13:00. Fomos a um restaurante simples, mas com uma comida deliciosa. Ainda ganhei chocolate de sobremesa.
Cemitério de Trens
A próxima parada do passeio foi o Cemitério de Trens. Trata-se de uma coleção de históricas locomotivas que foram abandonadas e geram um curioso cenário por ali. Eu observei bastante cada trem e adorei esta parada.
Uyuni
Por fim, fomos à cidade de Uyuni. É lá que ficam as agências turísticas e ela é a parada final de quem segue viagem pela Bolívia. Eu me despedi da parte do grupo que ficou pelo país, caminhei um pouco pelas ruas da cidade e estava pronta para iniciar o caminho de volta ao Atacama.
Assim, retornamos ao carro e dirigimos novamente até a cidade de Villa Mar, para passar a noite lá.
Dia 4 – Retorno ao Atacama
O quarto dia foi praticamente todo na estrada. Como já havíamos conhecido as belezas naturais pelo percurso, o motorista seguiu pelos caminhos mais curtos e rápidos.
Assim, passamos novamente pela imigração e chegamos ao Atacama perto das 16:00.
Dicas finais Salar de Uyuni
A viagem é cansativa, não há como negar. Mas é daquelas experiências que você não esquece e é presenteado com imagens que te fazem sorrir nos dias tristes.
Seguem algumas recomendações que vão te ajudar a tornar o tour perfeito, agora que você já sabe como ir do Atacama ao Salar de Uyuni.
- Leve 5 litros de água por pessoa. O passeio é quase sempre no meio do nada e você não tem onde comprar suprimentos.
- Também aconselho a levar biscoitos ou barrinhas de cereal de emergência.
- Inclua um carregador de celular portátil na sua mala.
- Leve protetor solar, protetor labial, hidratante e folhas de Coca. Você vai sentir os impactos climáticos e aproveitará melhor se estiver preparado.
- Tenha em torno de 250 bolivianos, para a entrada na reserva nacional, para tomar banho quente e fazer comprinhas em Colchani.
- Observe. Sinta. Aprecie. Sorria. Chore. Permita que a viagem te emocione e se entregue ao que o Salar de Uyuni pode te proporcionar.
Agora que você já sabe como ir do Atacama ao Salar de Uyuni, veja outras dicas de quanto custa viajar para o Atacama e quais os melhores passeios do Atacama!
Olá, você foi pelo Chile né?? O seu vôo foi para qual aeroporto? Tenho um filho de 9 anos, está acostumado com viagens desde os 3 anos porém nunca fiz uma viagem tão agressiva como está… você acha que sou louca em viajar com ele. Somos só nós dois.
Oi, Joelma! Fui pelo Chile sim, tem um voo de Santiago para Calama, uma cidade bem próxima ao Atacama. Eu acho viajar com filhos maravilhoso! Neste caso, a gente sente bastante a altitude no caminho, e também é bem frio. Eu recomendaria esperar ele crescer um pouco mais pra entrar nessa aventura, que é imperdível!
Ola por qual agencua voce viajou para o Atacama e pelo salar?
Olá, Margarida. Na época, fui com a agência do hostel em que fiquei hospedada, que não funciona mais. Atualmente, a mais indicada é a Civitatis, que você pode pagar online, tem todo o descritivo dos passeios e você ainda pode ver as avaliações. É a empresa que recomendei no post.