Primeiramente, vamos deixar uma coisa clara: ser nômade digital é um privilégio. Acredito que a maior parte das pessoas que lerão esse texto também fazem parte desse privilégio. Mas, não podemos ignorar que a maioria da população não pode escolher viver viajando.
Assim, se você é um leitor que não pode tomar a decisão de ser nômade digital mesmo que quisesse, quero deixar claro que vou contar aqui a minha experiência, de acordo com a minha realidade. E ninguém precisa viver viajando para ter vivências parecidas.
Nômade digital é a pessoa que não tem uma residência fixa e trabalha de forma remota utilizando a internet. Geralmente, essas pessoas passam um tempo longo em cada cidade, ficando meses ou até um ano.
Eu me enquadro nesse grupo e amo essa vida mesmo com todos os desafios inerentes a ela. Por isso, hoje vou contar 30 razões que me fazem escolher todos os dias ser nômade digital e viver viajando.
1. Sentir a adrenalina do desconhecido me dá energia
Eu adoro a sensação de não saber o que vem a seguir, de ir para uma cidade que não conheço, ter contato com pessoas que nunca vi na vida e me surpreender com o que aparecer no caminho. Esse desconhecido funciona como uma energia pra mim, porque me dá curiosidade e animação.
2. Conhecer outras culturas como nômade digital faz de mim uma pessoa mais compreensiva e melhor
Dentro ou fora do Brasil, temos uma diversidade de culturas impressionante. Eu amo conhecer novas formas de pensar, de agir e de se comportar em grupo. Isso me torna uma pessoa mais compreensiva e derruba vários preconceitos que são formados por opinião pública, notícias da mídia e desconhecimento de forma geral.
3. A maioria esmagadora das cidades é mais barata do que a minha de origem, e consigo ter uma qualidade de vida melhor
Eu sou de Niterói e me acostumei a morar ou em Niterói ou no Rio de Janeiro. Quando passo por outras cidades, vejo o quanto o custo de vida do meu lugar é caro. Com isso, posso ter uma qualidade de vida melhor como nômade digital, porque tenho um aumento no meu poder de compra.
Aproveite para ler sobre lugares baratos para viajar no Brasil.
4. Eu amo cidades pequenas, mas ainda não me conectei o suficiente apenas com uma para me mudar de vez
Eu realmente amo cidades pequenas. Conseguir fazer tudo andando e encontrar os seus amigos todos os dias, para mim, não tem preço. Isso torna muito mais fácil fazer laços fortes porque você vê as pessoas importantes para você com uma frequência muito maior. Além disso, sinto que as pessoas têm uma competição por poder muito menor e se respeitam mais, independente de trabalho ou posição social.
Mas, ainda não senti o desejo de me mudar de vez para uma cidade pequena, embora isso talvez aconteça em alguma da Bahia.
5. Eu mudo bastante e valorizo a liberdade de poder estar no local que me cabe no momento
Eu sou uma pessoa que estou em constante mudança. Tem hora que quero estar perto de cachoeira, hora que quero o mar, hora que quero a minha família e amigos de infância e hora que só quero ver gente nova. Ser nômade digital me dá a liberdade de estar onde eu quiser na hora que eu quiser. Com isso, posso aproveitar cada momento pessoal para estar nos lugares que mais me fizerem bem no momento.
6. Sou freelancer e trabalho na hora que me adaptar melhor
Várias vezes aproveito a manhã em alguma cachoeira e fico até de madrugada trabalhando depois. Por escolha. Além de ser nômade digital, eu sou freelancer e faço o meu horário. Por isso, tenho uma liberdade muito maior para gerir os meus horários e levar a minha vida como eu quiser. Claro que isso não é fácil e você precisa ter cuidado para não se enrolar. Mas, eu aprendo muito.
7. Apesar de difícil, gosto do desafio de me adaptar a diferentes ambientes de trabalho
É bem desafiador trabalhar cada vez de um lugar diferente, sem um ambiente propício. Mas, isso me força a criar o hábito de me adaptar a diferentes realidades. Hoje consigo trabalhar com barulho ao redor, em temperaturas não agradáveis e até sem uma mesa disponível. Assim, tenho uma facilidade bem maior em me concentrar.
8. Gosto da sensação de não ter rotina e de sentir que consigo aproveitar meu tempo da melhor forma possível
Eu trabalho como todas as outras pessoas, às vezes, até mais. Mas, não ter uma rotina fixa faz eu me sentir muito bem. Eu até trabalho boa parte do meu tempo em horário comercial. Mas posso modificar isso quando eu quiser, e faço trocas muitas vezes para ir a um evento, aproveitar um dia de sol ou estar em um museu no seu dia gratuito.
Adoro essa sensação porque ela faz eu sentir que aproveito melhor a minha vida podendo dizer mais sim para pessoas e para oportunidades.
9. Ao viajar bastante, posso experimentar a culinária de diversos lugares e aprender como fazer o que eu gostar mais
Essa é uma parte muito interessante de conhecer novos lugares. A gente conhece frutas que nunca ouvimos falar, somos apresentados a temperos que deixam pratos totalmente diferentes do que estamos acostumados e aprendemos muito sobre a história do lugar ao experimentar as comidas de lá.
Eu sou meio chata para comer e, ainda assim, amo esse aspecto da viagem. Quando gosto muito de um prato, sempre tento aprender a fazê-lo para não deixar de sentir aquele gosto quando eu seguir viagem.
Obs: minha mãe vai achar que essa parte é mentira, mas é verdade hahaha.
10. Posso viajar para outros países se eu quiser a fim de aprender outras línguas como nômade digital
Aprender outras línguas é muito interessante em um mundo globalizado, principalmente para quem gosta de viajar.
Mas, no dia a dia, isso pode ser difícil devido à falta do contato com a língua e acabamos esquecendo muitas coisas.
Essa é uma vantagem muito interessante do nômade digital. Ele pode ficar um tempo em cada país que quer aprender a língua e estudar de forma muito mais imersiva e com uma curva de aprendizado acelerada.
11. Posso escolher viver em países de moeda mais barata do que o Brasil para ter uma qualidade de vida melhor
Viver em outros países não ajuda apenas a aprender outras línguas. Quem é nômade digital pode fazer essa escolha para aumentar o seu poder de compra. Muitos países têm uma moeda mais desvalorizada do que a brasileira. Assim, como geralmente ganhamos em real, conseguimos viver de forma melhor em certos lugares.
12. Viajo por uma quantidade tão grande de cidades que consigo, de fato, comparar lugares para entender quais são melhores
“Na Europa tudo funciona bem”, “a saúde pública do Brasil é horrível”, “se fosse no Japão, o metrô passaria no horário”, “essa cidade é muito perigosa”. Quem nunca ouviu esse tipo de frase? Muitas vezes, repetimos o que ouvimos sem de fato parar para analisar se aquelas frases são verdaeiras.
Viajando bastante eu tenho uma vivência que me permite ter um bom poder comparativo para entender realmente as forças e fraquezas das cidades.
E, já posso adiantar, a nossa saúde pública é muito melhor do que a maioria da população imagina.
13. Consigo fugir do calor do Rio no verão porque não gosto de temperaturas extremas
Eu adoro o meu Rio de Janeiro e o nosso calorzinho, mas quando a temperatura está agradável. Como nômade digital, posso fugir do Rio nas épocas mais quentes que tornam até dormir uma tarefa difícil.
14. Posso aproveitar a melhor época de cada cidade, estando presente em eventos típicos ou estações do ano mais propícias para aquele lugar
O benefício do movimento não é apenas para fugir do calor do Rio. Eu também posso estar em outros lugares na época que eu quiser. Sabe aquelas cidadezinhas conhecidas por serem bem floridas em apenas uma semana do ano? Eu posso ir para lá na primavera. Ou lugares que têm festas típicas e são bem mais legais de se visitar nessas datas? Posso me programar para aproveitar isso também.
15. Tenho a oportunidade de conhecer os lugares quase como uma moradora
Como eu fico um tempo longo em cada lugar, entendo mais os costumes, as tradições e as formas de pensar dele. Também tenho a oportunidade de frequentar locais que fogem de pontos turísticos e entender como funciona a vida dos moradores da região. Muitas vezes, eu fico hospedada com esses próprios moradores, o que me ajuda ainda mais a imergir naquela cultura.
16. Posso aprender coisas novas que não existem na minha cidade ou país e trazer esse conhecimento para ajudar a minha cidade
Cada região tem seus pontos fortes e fracos. O Rio é bom em muitas coisas, mas falha em diversos outros pontos. Quando consigo conhecer de perto como outros lugares acertam onde erramos, posso aprender com o outro e trazer esse conhecimento para a minha região.
17. Aprendo a me comunicar melhor à distância e a lidar com a saudade sendo nômade digital
A saudade é um grande gargalo dos nômades digitais. Mas isso também faz a gente aprender a se reinventar para sermos amigos, filhos, irmãos e parceiros presentes.
A gente aprende o quanto conseguimos ser participativos à distância e aprendemos muito mais a nos comunicar melhor para quebrar a barreira gerada pela internet, que, muitas vezes, causa divergências de interpretação, por exemplo.
É como diz a música: quem foi que disse que pra estar junto precisa estar perto?
18. Aprendo a me virar sozinha, principalmente quando estou doente ou emocionalmente abalada e longe das pessoas que mais cuidam de mim
Uma coisa que aprendi como nômade digital é que eu só posso contar comigo mesma. É ótimo ter pessoas por perto para cuidar da gente, mas precisamos aprender a nos virar.
Quando você está sozinho, é muito ruim ficar doente, triste ou com problemas parecidos.
Mas a gente aprende a lidar com isso porque precisamos seguir em frente, e acredito que isso nos torna mais preparados para a vida.
E se você quiser ler o contraponto deste post, veja o meu artigo: por que você não deve viver viajando.
19. Crio um senso de localização muito melhor porque preciso aprender a me locomover em qualquer lugar
Eu fui por muito tempo aquela pessoa perdida que usa o Google Maps para tudo. Mas, talvez pelo instinto de sobrevivência, quando comecei a ser nômade digital, melhorei muito meu senso de localização e aprendo rapidamente a me locomover nos lugares.
A gente também avança nesse aspecto quando passamos a viajar muito e estamos sempre nos movendo por lugares desconhecidos.
20. Consigo prospectar mais clientes e ter um relacionamento mais próximo com eles por meio de visitas
Isso se aplica ao meu caso, não a todo nômade digital. Eu tenho vários clientes como freelancer, um de cada parte do país, e costumo apenas me comunicar pela internet.
Como vivo viajando, consigo visitar vários desses clientes brevemente em minhas viagens, o que faz toda a diferença para estreitar relações.
21. Aprendo a ser minimalista e viver com o essencial como nômade digital
Imagine passar meses apenas com uma mala. É assim que eu vivo. No meu caso, é um mochilão.
Isso me ajuda a ser minimalista e aprendo a viver com o essencial, sem o consumismo exacerbado de comprar o que não preciso.
22. Descubro como arrumar uma mala e dobrar roupas como ninguém
Essa é uma habilidade que aprendi a valorizar com o tempo. Conseguir fazer tudo o que você precisa caber em uma mala faz toda a diferença para não passar perrengue em uma viagem, principalmente se você precisar de roupa de frio que ocupa mais espaço.
Assim, aprender as técnicas de dobrar roupa ou até de colocar uma coisa dentro da outra para usufruir de cada pedaço da mala é uma habilidade que você leva para a vida.
23. Tenho contato com diversos sotaques diferentes, o que me mostra ainda mais o que é ser brasileiro
Eu amo conversar com pessoas que têm um sotaque diferente do meu. Isso é tão característico de cada região e representa tão bem a diversidade do Brasil.
Além disso, a forma como as pessoas falam diz muito sobre a cultura do lugar.
24.Posso ver animais que não são comuns na minha região
Essa é uma vantagem que eu realmente amo! Como nômade digital, posso ir para lugares com vários animais que não existem no Rio de Janeiro. E ver de perto essas preciosidades da natureza me enchem de energia, principalmente porque amo fotografar animais. Fico sempre muito animada.
25. Posso ver vegetações e paisagens que não são comuns na minha região
Não é só animais diferentes que eu vejo viajando. Também tenho a oportunidade de conhecer as paisagens e vegetações que só tinha contato nos livros de Geografia da escola.
26. Valorizo muito mais o ser humano e tenho bastante fé na humanidade
Eu não vivo viajando porque sou rica. Faço isso porque trabalho enquanto viajo e porque muita gente me ajuda pelo caminho, muita mesmo.
Já perdi a conta das vezes que me hospedaram sem cobrar nada por isso ou que me ajudaram de alguma forma quando eu precisei. Pessoas que eu nunca tinha visto na vida e que só queriam fazer o bem para o outro sem nada em troca.
Isso fez eu recuperar muito a fé na humanidade. Tem muita gente boa nesse mundo, isso é demais.
27. Sou forçada a olhar para dentro e encarar os meus problemas
Eu sou o tipo de pessoa que tenta ignorar os problemas para ver se eles vão embora. Mas, muitas vezes, eles não vão.
Como eu vivo viajando e, principalmente, faço isso sozinha, não consigo fugir disso e sou obrigada a olhar para o próprio umbigo para arrumar a bagunça aqui de dentro.
Sabe quando tudo está indo bem na vida e você não tem uma desculpa para culpar a sua insatisfação? Então você acaba olhando mais para si para resolver os seus conflitos.
28. Entendo melhor o meu valor e passo a me valorizar muito mais
Eu me doo muito pelo outro. Sempre fui assim. Isso é bom, mas, algumas vezes, acabo me deixando de lado por isso.
Vivendo como nômade digital eu consigo perceber melhor o meu valor e o quanto posso acrescentar às pessoas de formas diferentes. Isso faz eu me valorizar mais e entender melhor a importância do meu trabalho, principalmente porque faço muitas trocas de hospedagem por serviços.
29. Aprendo a lidar melhor com pessoas. Isso é muito importante
Tudo na vida é relacionamento. O mercado de trabalho está aí para mostrar que habilidades técnicas você adquire, mas saber se relacionar com pessoas é um diferencial muito forte no dia a dia profissional.
Isso também é uma verdade em outros âmbitos da vida. Em minhas viagens, convivo com pessoas de diferentes níveis sociais e realidades.
E eu aprendo todos os dias com isso. Sei escutar mais e observar o ambiente em que estou. E me sinto muito mais compreensiva e menos julgadora.
30. Passo por todo tipo de situação e entendo melhor o que me faz uma pessoa feliz
Deixei esse para o final porque nada melhor do que descobrir o que faz a gente feliz de verdade.
Eu vivo de um jeito bem simples quando estou viajando. E tenho a oportunidade de fazer várias coisas que nunca tinha feito antes na vida.
Isso me traz uma incrível variedade de experiências e me sinto muito mais pronta para entender como eu funciono e o que realmente me faz feliz.
Quando descubro, eu sempre sigo os meus instintos.
Achei o seu relatório muito bom.pois pretendo viajar solo de carro particular mas aprendi ótima dicas que bom ser bom nesse mundão