A Chapada dos Veadeiros é um dos locais mais procurados do Centro-Oeste. O lugar é certamente um presente aos amantes da natureza e é a oportunidade de imergir no cerrado.
São trilhas que valem a pena mesmo se não tivessem as cachoeiras de recompensa e os mirantes com vistas de paralisar. Vou compartilhar meu roteiro de 8 dias pela Chapada dos Veadeiros e minhas impressões de cada lugar.
Onde ficar na Chapada dos Veadeiros?
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros abrange diferentes localidades e, por isso, há algumas opções de hospedagem. A cidade com mais estrutura, e também mais turística, é Alto Paraíso de Goiás.
Eu fiquei em São Jorge, uma vila da cidade com menos de mil habitantes. Acampei por 12 dias lá e adorei o lugar. Apesar de pequena, a vila tem opções de lazer com diversos restaurantes, casas de cultura e, à noite, pude aproveitar forró e até uma boate.
Como se locomover em um roteiro na Chapada dos Veadeiros?
Percorri a Chapada dos Veadeiros de carro e recomendo a quem for fazer o mesmo, pois as atrações são distantes umas das outras. Eu fui de avião até Brasília e lá aluguei o veículo com tração.
Foram três horas e meia de viagem até São Jorge. Indico a sempre baixar o mapa offline antes de começar os passeios do dia pois o sinal de internet nas estradas da região é fraco e me perdi algumas vezes. Você pode alugar seu carro aqui pesquisando qual locadora oferece o melhor serviço e preço.
Dia 1 – Cachoeiras Almécegas
No primeiro dia, dirigimos até a fazenda São Bento. Lá estão as cachoeiras Almécegas, conhecidas como Almécegas I e II. A entrada foi R$ 40. A primeira cachoeira é a mais imponente. Na trilha, ela pode ser apreciada de cima e sua beleza é incontestável.
Mergulhar na Almécegas I também é uma delícia. Entretanto, é preciso sempre ter atenção à tromba d’água dependendo do tempo para não ser surpreendido.
Apesar de ter relaxado bastante nas duas cachoeiras da fazenda, não considero o passeio imperdível para quem tem pouco tempo na Chapada porque a região apresenta diversas atrações que, a meu gosto, são mais interessantes.
Dia 2 – Cataratas dos Couros
No dia seguinte fomos até as Cataratas dos Couros. Foi o lugar mais difícil de chegar e um dos mais distantes, mas considero o passeio imperdível.
Além disso, foi meu lugar de cachoeira preferido e com entrada gratuita. Recomendo priorizar essa atração no roteiro pela Chapada dos Veadeiros.
Logo no início da trilha já surgem as primeiras cataratas. É como um paredão com várias quedas d’águas uma ao lado da outra. O lugar impressiona pela sua majestade.
E, seguindo a trilha, surgem outras cachoeiras também maravilhosas. A caminhada é um pouco cansativa, com subidas e descidas, mas vale cada minuto.
Dia 3 – Trilha dos Saltos
Então chegou o dia de oficialmente visitar o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. O parque possui quatro trilhas oficiais. As outras atrações da Chapada não pertencem à reserva nacional.
Eu fiz a trilha dos Saltos, que engloba o Salto de 120 metros, as Corredeiras do Rio Preto e o Salto de 80 metros.
Além de conter diversas cachoeiras, você caminha em meio a uma imensidão de vegetação e observa as folhas secas e cactos pelo caminho. Ainda há mirantes para que se possa apreciar cada detalhe.
Foram 11 quilômetros de trilha de dificuldade moderada e sem necessidade de contratação de guia. A entrada para o parque é gratuita.
Dia 4 – Santa Bárbara + Capivara
A cachoeira de Santa Bárbara é uma das mais famosas da Chapada. Isso devido à coloração de suas águas, transparentes e de um azul piscina. O lugar é, então, o paraíso dos fotógrafos. Tive que incluí-lo em meu roteiro pela Chapada dos Veadeiros.
Foi o passeio mais longe de São Jorge, aproximadamente 134 quilômetros. Ao chegar lá, a contratação de guia é obrigatória, geralmente são os kalungas, as pessoas das comunidades quilombolas da região que trabalham na cachoeira.
Há a Capivara, a Santa Bárbara e a Santa Barbarinha. Eu fiz as três.
É importante ressaltar que, para quem quer visitar todas as cachoeiras, é imprescindível chegar cedo. Isso porque, em dias de maior movimento, há lotação do lugar e o tempo de permanência nas águas de Santa Bárbara é limitado.
Dia 5 – Cachoeiras Loquinhas
As cachoeiras da fazenda Loquinhas são mais um espetáculo da Chapada. São dezoito poços d’água de cor transparente. Assim, é fácil encontrar algum vazio para quem quer aproveitar a paz do lugar e relaxar sem pressa. O preço da entrada é de R$ 30,00.
As trilhas da fazenda são bem sinalizadas e demarcadas. Você anda por uma estrutura de madeira para ir de um poço a outro. Pessoas de qualquer idade conseguem caminhar por lá.
Além disso, é quase impossível se perder, embora eu tenha conseguido essa proeza. São tantos micos pelas árvores que fiquei os observando e esqueci de qual direção vinha.
Dia 6 – Mirante da Janela e Vale da Lua
Mirante da Janela
Como no quinto dia fomos para Loquinhas, um dos passeios menos cansativos da Chapada, reservamos o dia seguinte para fazer o Mirante da Janela, atração indispensável em meu roteiro pela Chapada dos Veadeiros.
É uma trilha de 8 quilômetros com alguns trechos pesados, mas, em maior parte, achei tranquila de fazer.
Também não contratei guia e nem vi necessidade, mas há muitos disponíveis para quem quer ter mais segurança e conhecer melhor a história do local.
O ponto mais alto do mirante fica a mais de 1000 metros de altitude. É possível avistar os Saltos I e II do Rio Preto, aqueles que ficam dentro do parque nacional e fomos conhecer no terceiro dia na Chapada. A vista é incrível. Ela dá a dimensão do quanto somos pequenos frente a esse mundo e o quanto a natureza pode nos oferecer.
Vale da Lua
Na volta do mirante, voltamos a São Jorge para almoçar e depois decidimos ir ao Vale da Lua. Esta atração é muito próxima da vila e, como estávamos com tempo, decidimos que valeria a pena.
O Vale da Lua é a atração mais diferente da Chapada. São formações rochosas de milhões de anos com piscinas naturais entre elas, algumas bem rasas e outras maiores em que se pode mergulhar.
O vale tem esse nome devido ao solo exótico das rochas. Andar entre elas é como caminhar na lua – nunca fui à lua, mas tenho imaginação, não é mesmo?
Não é necessário muito tempo para conhecer o vale, nem guia, e a trilha até chegar lá é de 15 minutos caminhando. Além disso, a entrada é R$ 20,00.
Mais um paraíso dos fotógrafos na região. O Vale da Lua é intrigante e considero parada obrigatória na Chapada.
Dia 7 – Macaquinhos
Completando uma semana de Chapada, fomos conhecer Macaquinhos. É um circuito com diferentes cachoeiras incluindo, inclusive, uma de nudismo.
Diferente da Loquinhas, Macaquinhos tem pouca interferência humana na trilha, apenas a necessária, e me senti bem mais conectada com a natureza do que o passeio do quinto dia.
A taxa de visitação é de R$ 30,00 e a trilha é tranquila, apesar de cansativa, por ter trechos bem íngremes nas descidas para as cachoeiras.
Macaquinhos é um complexo com dez cachoeiras. Por isso, ficamos o dia inteiro por lá. Por ser um passeio menos famoso, é também mais vazio e as cachoeiras estavam praticamente só para meu grupo.
As cascatas são de diferentes alturas, mas, de forma geral, o espaço para nadar nelas é grande. Eu me encantei com o lugar e com a sensação de liberdade que experimentei nele.
Dia 8 – Cachoeira do Segredo
No último dia do meu roteiro pela Chapada dos Veadeiros, estava em dúvida se retornava ao parque nacional para percorrer outra de suas trilhas ou se fazia a Cachoeira do Segredo. Optei pela segunda opção por a trilha do Segredo ter a fama de ser uma das mais belas da Chapada.
E não posso discordar. A caminhada chega a ser mística. Há diversos trechos em que é necessário passar entre rios, andando em decks de madeira e se segurando em cordas. Prepare-se para molhar os sapatos. Não há perigo, mas é necessário ter atenção.
A contratação de guia não é obrigatória e o valor de entrada varia com a temporada, mas é em torno de R$ 35,00.
A mata é mais fechada do que a de outros passeios, e isso permite que se observe melhor flores, pássaros e a própria vegetação.
Uma curiosidade é que vi a maior teia da minha vida na caminhada do Segredo. As aranhas arrasaram.
Ao chegar à cachoeira principal, a magia da trilha se soma à riqueza da queda d’água e tive a certeza de que o lugar valeu a pena.
Porém, é preciso ter cuidado já que a profundidade da água é bem expressiva e não recomendada para quem não tem experiência em nadar.
Outra característica da Cachoeira do Segredo é a temperatura da água, a mais gelada que conheci na Chapada, daquelas que você não se acostuma com o tempo.
Conhecer a Chapada dos Veadeiros multiplicou meu desejo de explorar a região central do Brasil e todas as nossas cachoeiras e paisagens.